

Trump considera viajar à Turquia para diálogos entre Rússia e Ucrânia se Putin participar
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (14) que poderia viajar esta semana à Turquia caso seu par russo, Vladimir Putin, decida participar de conversas diretas com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, para pôr fim a mais de três anos de conflito.
O líder russo foi quem propôs esse formato de negociações, como contraproposta a um cessar-fogo de 30 dias sugerido por Kiev e seus aliados. No entanto, o Kremlin evitou confirmar se Putin participará das negociações.
As conversas previstas para quinta-feira em Istambul seriam as primeiras entre russos e ucranianos desde março de 2022, um mês após o início da ofensiva russa na Ucrânia.
Zelensky afirmou nesta quarta-feira que está disposto a "qualquer forma de negociação" e que decidirá quais "medidas" tomar quando souber quem representará Moscou nas conversas. Ele garantiu que participará "pessoalmente" da reunião, como já havia anunciado no domingo.
O presidente ucraniano pediu na terça-feira que Trump vá à Turquia para convencer Putin a comparecer. "Não sei se ele [Putin] iria se eu não estivesse lá", reconheceu o magnata republicano a bordo do Air Force One nesta quarta-feira.
"Sei que ele gostaria que eu estivesse lá, e é uma possibilidade. Se pudermos pôr fim à guerra, eu consideraria", acrescentou enquanto voava da Arábia Saudita para o Catar.
Trump indicou que pretende estar nos Emirados Árabes Unidos na quinta-feira, na terceira e última etapa de sua viagem pelo Golfo. Mas, ao ser questionado sobre uma possível ida à Turquia, respondeu: "Isso não significa que eu não o faria para salvar muitas vidas".
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, já tem viagem prevista para Istambul na sexta-feira. O lado russo estará presente, mas ainda não se conhece a composição da delegação.
– Frustração –
Dezenas de milhares de pessoas morreram e milhões foram forçadas a deixar suas casas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
O Exército russo atualmente controla cerca de um quinto do território da ex-república soviética, incluindo a península da Crimeia, anexada em 2014.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que tentará mediar para que Putin vá à Turquia.
"Quando eu parar em Moscou, vou tentar falar com o Putin. Não me custa nada dizer: 'Companheiro Putin, vá negociar em Istambul, caramba'", afirmou em Pequim, onde realiza uma visita de Estado.
Mas a mídia estatal russa informou que o avião de Lula fez escala em Moscou e a RIA Novosti afirmou que o presidente não se reuniu com Putin.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, por sua vez, pediu uma trégua "imediata" na Ucrânia e uma "paz justa", durante uma coletiva de imprensa em Berlim ao lado do chefe de governo alemão, Friedrich Merz.
Zelensky advertiu que a ausência de Putin seria interpretada como uma falta de vontade para alcançar a paz.
Ao retornar à Casa Branca em janeiro, Trump prometeu encerrar a ofensiva na Ucrânia.
Desde então, tem exercido forte pressão, mas nos últimos dias expressou frustração, especialmente depois que a Rússia rejeitou uma proposta inicial de cessar-fogo de 30 dias.
– "Paz ditada" por Moscou –
Rubio ameaçou repetidas vezes abandonar os esforços diplomáticos. E, apesar das negociações previstas, ambas as partes mantêm grandes divergências sobre como encerrar o conflito.
Putin exige que a Ucrânia desista de ingressar na Otan e garante que manterá os territórios ucranianos anexados. Mas essas condições são inaceitáveis para Kiev e seus aliados.
Kiev, por sua vez, quer "garantias de segurança" sólidas para evitar qualquer novo ataque russo e exige a retirada do Exército de Moscou de seu território.
Os europeus, aliados da Ucrânia, mas com dificuldade para serem ouvidos, ameaçaram a Rússia com sanções "massivas" caso não aceite um cessar-fogo nos próximos dias. A União Europeia aprovou nesta quarta-feira um 17º pacote de sanções.
O chefe de governo alemão exortou os demais países europeus e os Estados Unidos a manterem "a maior unidade possível" e rejeitarem uma "paz ditada" por Moscou.
B.Roberts--PI